sexta-feira, 28 de maio de 2021

coronavac desprezada por Bolsonaro evitaria milhares de mortes .

 Coronavac desprezada por Bolsonaro evitaria pelo menos 80 mil mortes, diz pesquisador

Coronavac desprezada por Bolsonaro evitaria pelo menos 80 mil mortes, diz pesquisador


Ao menos 80.300 mortes teriam sido evitadas se o presidente tivesse fechado acordo com o Butantan na primeira oferta

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Brasil teria evitado pelo menos 80.300 mortes até maio deste ano se o governo Jair Bolsonaro tivesse fechado em outubro de 2020 um contrato com o Instituto Butantan para a compra de 100 milhões doses da Coronavac, que seriam entregues até este mês.

É o que aponta cálculo feito pelo professor Pedro Hallal, da UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil.

A conta foi baseada no depoimento de Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, à CPI da Covid e considera que o Ministério da Saúde poderia ter recebido 49 milhões de doses a mais do que os 51 milhões previstos para serem entregues até o final de maio.

O estudo faz estimativa de 81.500 óbitos a menos com margem de erro que varia de 80.300 a 82.700.

O Brasil atingiu nesta quarta-feira (26) a marca de 454.623 óbitos em decorrência da Covid.

À CPI da Covid nesta quinta-feira (27) Dimas Covas afirmou que a oferta de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid, que é produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac, não foi fechada em outubro por entraves políticos e burocráticos.

De acordo com Covas, após o fracasso da negociação naquela época, nova proposta foi feita ao Ministério da Saúde em dezembro, mas não era mais possível entregar a totalidade das doses até maio, mas sim por volta de agosto.

Por fim, o primeiro contrato assinado com o governo foi fechado em dezembro e previu a entrega de 46 milhões de unidades da Coronavac até abril deste ano. O segundo foi assinado em fevereiro prevendo a entrega de mais 54 milhões.

Segundo declaração de Covas, pelo acordo acertado pelo governo federal com o instituto paulista, 51 milhões de doses da Coronovac terminarão de ser entregues até o final de maio. Logo, o Brasil poderia ter garantido mais 49 milhões de doses nesse período não fossem os impasses.

Se tivesse recebido esse volume a mais teria evitado, além das cerca de 81.500 mortes, por volta de 174.642 internações em UTIs (unidades de terapia intensiva), segundo cálculo de Hallal.

Em outro cenário, caso o governo federal tivesse aceitado a oferta da Pfizer em agosto do ano passado, cerca de 14 mil mortes teriam sido evitadas ​com intervalo de confiança entre 5.000 e 25 mil óbitos.

Segundo depoimento à CPI do gerente-geral da farmacêutica na América Latina, Carlos Murillo, 4,5 milhões seriam entregues no país de dezembro a março pela oferta feita ao Brasil no meio do ano passado.

O acordo atual com a Pfizer prevê 100 milhões de doses até o final deste ano. Ou seja, segundo estimativa de Hallal, 95.500 mortes teriam deixado de ocorrer caso o Brasil tivesse fechado os acordos com a Pfizer e com o Butantan mais cedo.

Para o cálculo, o pesquisador usou os seguintes parâmetros: um terço da população com anticorpos, letalidade do coronavírus de 1% e eficácia da vacina de 50% no caso da Coronavac e 94% para a Pfizer.

Com base no índice da população com anticorpos e na letalidade da doença, chega-se a um total de mortes esperado caso o país tivesse recebido as doses previstas. Deste número descontam-se os óbitos que poderiam ter sido evitados com base na eficácia da vacina e chega-se ao resultado.

Nesta quinta-feira, o diretor do Butantan afirmou que as negociações para a compra da Coronavac evoluíram ao longo do mês de outubro. O contrato inicial acordado previa a aquisição de 100 milhões de doses pelo Ministério da Saúde. No entanto, sem nenhuma explicação, esse contrato foi retirado e o governo afirmou que compraria 46 milhões.

Foi nesse momento que o presidente Bolsonaro afirmou a apoiadores, sendo gravado, que não iria comprar a vacina chinesa.

"Infelizmente, essas conversações não prosseguiram, porque houve, sim, aí, uma manifestação do presidente da República, naquele momento, dizendo que a vacina não seria, de fato, incorporada, não haveria o progresso desse processo", afirmou Covas à comissão no Senado.

"Poderíamos ter iniciado a vacinação antes do que começou? Nós já tínhamos as doses, estavam disponíveis. E eu, muitas vezes, declarei de público que o Brasil poderia ser o primeiro país do mundo a começar a vacinação, não fossem os percalços que nós tínhamos que enfrentar durante esse período, tanto do ponto de vista do contrato, como do ponto de vista também regulatório."

A Coronavac começou a ser aplicada em 17 de janeiro, no mesmo dia em que a Anvisa deu autorização para o uso emergencial da vacina.

Noticias:https://www.noticiasaominuto.com.br/politica/1808382/coronavac-desprezada-por-bolsonaro-evitaria-pelo-menos-80-mil-mortes-diz-pesquisador

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